Por O Popular
2/11/2010
ENTREVISTA/MARCONI PERILLO
"Dilma certamente terá relação respeitosa com todos"
Nesta semana, quais as definições podemos esperar em relação implementação do novo governo?
A partir de amanhã (hoje), vou conversar com a equipe de planejamento para iniciarmos a definição das prioridades que serão desenvolvidas a partir de 1º de janeiro. Na semana que vem, pretendo definir a equipe de transição.
A transmissão de cargo será no Centro Cultural Oscar Niemeyer?
Sim. Caso o governador queira fazer a transmissão, vou dizer que quero fazer lá no Centro Cultural. Até porque vamos abrir o Centro Cultural no primeiro dia de governo. Vou buscar um ajustamento de conduta antes, com o Tribunal de Contas do Estado, com o Ministério Público, essas coisas a gente tem de fazer com antecedência.
Mas não precisa de obras antes de reabri-lo?
Muito pouco. Claro que, quando digo que vou reabrir, vou reabrir aquilo que já está pronto. O museu, por exemplo, está pronto. Pode fazer exposição. O Palácio da Música talvez precise de algum retoque para trazer show e peças teatrais. Outra questão que também vou fazer com rapidez será buscar uma solução com relação ao Centro de Excelência. Tem uma obra entre o Madre Germana I e II que há cinco anos está paralisada, falta só fazer o asfalto embaixo. Também será uma obra que vou fazer com muita rapidez, quero ver se no primeiro mês entregamos.
Podemos esperar que os coordenadores de sua campanha sejam também, em boa parte, o secretariado de seu governo?
Ainda é muito cedo para falar disso, mas vou conversar com cada um deles e discutir onde é que eles podem ser mais úteis. Isso eu farei com cada um deles porque tenho profundo respeito, estou muito agradecido pelo empenho ao longo de meses, de cada um dos coordenadores.
Em relação à presidente eleita Dilma Rousseff (PT), o senhor acha que vai ter alguma dificuldade de relacionamento?
Creio que não. Elegemos oito governadores de Estados importantes pelo PSDB, o DEM elegeu mais dois. A presidente certamente terá uma relação equilibrada e respeitosa com todos. Quando fui governador e ela ministra de Minas e Energia, tínhamos uma relação muito boa. Tenho convicção de que esta relação terá também desdobramentos muito positivos. E estou convencido de que ela terá muito mais equilíbrio e maturidade do que o atual presidente.
O prefeito de Goiânia Paulo Garcia (PT) pode ser um meio de aproximação entre o senhor e Dilma Rousseff?
Devo telefonar para o Paulo Garcia hoje (ontem) ou amanhã (hoje). Vou falar com ele, com o prefeito de Aparecida, o Maguito (Vilela - PMDB), com o prefeito de Anápolis (Antônio Gomide - PT), vou falar com todos os outros prefeitos. Nosso governo será de unidade. Tem uma frase do prefeito de Jataí, o Humberto (Machado - PMDB), que eu gosto muito. Ele dizia: "Governo não faz oposição a governo". Nós temos de levar em consideração os interesses maiores do povo, da sociedade. Quanto à presidente, temos hoje uma força significativa em Goiás, são 3 senadores do nosso lado, vamos ter o apoio de mais 12 deputados federais, além do relacionamento muito bom que tenho com o governador e vice-governador eleitos de Brasília. E tenho uma relação muito boa com o ex-ministro (Antônio) Palocci (PT), com várias pessoas que cercam a presidente. Então, não vejo em princípio qualquer tipo de dificuldade.
E nós, governadores de oposição, estaremos muito unidos. Quero ir a São Paulo, na quarta ou na quinta, encontrar-me com o governador eleito Geraldo Alckmin (PSDB) e ver se a gente programa uma reunião de governadores eleitos do PSDB e DEM, antes mesmo da posse. Dentro da questão do plano de governo, também vou procurar o governador (Antônio) Anastasia (PSDB), pedir a ele que me empreste algumas pessoas da sua equipe para que possamos montar toda a estratégia do choque de gestão que queremos imprimir no Estado.
Haverá caça às bruxas nas ações do atual governo, procurando erros e falhas?
Essas coisas, quando existem, elas aparecem. Não há necessidade de fazer caça às bruxas. Não que isso tenha de partir de mim. Vou procurar fazer um governo decente. Em relação à desoneração tributária, acho que não terá muitos segredos. Para taxistas, mototaxistas, carros populares, vamos implementar rapidamente essas políticas. Nosso programa Bolsa Futuro também será rapidamente implementado, até porque na minha opinião ele significará um grande avanço no Brasil com relação à porta de saída dos programas sociais.
O senhor conversou com Iris Rezende?
Não conversei. Mas vou ligar para o Iris, vou só esperar um pouco a poeira baixar. Queria registrar que nos programas de televisão, a campanha dele foi respeitosa em relação a minha pessoa, a minha família e aos meus governos. Claro que no rádio houve um pouco de baixo nível, também panfletos apócrifos, uso um pouco indevido da internet. Mas isso já passou e quero reconhecer os méritos de Iris Rezende.
Quando o senhor renuncia ao mandato de senador?
Deve ser em meados de dezembro. Continuo com a intenção de apresentar um projeto sobre pesquisas de intenção de voto. É muito sério o que tem acontecido no Brasil. Temos verdadeiras fábricas de pesquisas com interesses escusos. Lamentavelmente, é forçoso reconhecer isso. Acho que não deveriam ser publicadas pesquisas nos 15 dias antes das eleições.
Mal terminou a apuração das urnas, já se começou a falar na eleição para presidente da Assembleia. Como será a sua atuação nessa disputa?
Sinceramente, não pensei nisso ainda. Nós temos parlamentares muito experientes na Assembleia e acho que esses líderes vão, no tempo certo, conversar entre eles. Não quero ter qualquer tipo de interferência na escolha de presidente da Assembleia ou da Câmara de Goiânia.
Em Goiânia, o senhor ficou 10 pontos porcentuais atrás de Iris em votos neste segundo turno. Como o senhor entendeu esse recado?
O prefeito ficou quase 6 anos na Prefeitura e na mídia. Vejo com naturalidade. Eu me esforcei muito para virar em Goiânia e Aparecida, mas não posso reclamar nada. Goiânia me deu, para senador, 76% dos votos. Perdi para um concorrente forte e também para máquinas muito fortes. O presidente da República tem muito prestigio, principalmente na periferia, por causa do bolsa família, e todo mundo sabe como foi o comportamento dele aqui no Estado. Tenho convicção de que ações do nosso governo vão deixar muito claras as nossas melhores intenções.